segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FELIZ ANO NOVO !

Antropologia e Literatura

Quantas promessas do ano passado não realizadas ! E você onde estava ? Quantos sonhos não concretizados ? E você  por onde andava ? 2013 chegou mesmo para ficar e nos deixar outra vez nos perguntando sobre o que há muito tempo idealizamos e não cumprimos. Conversa de político, não é mesmo ! Hora de arregaçar as mangas e trabalhar duro naquilo que você sonhou desde criança. Aproveite , os números do calendário mudaram e a sua idade também vai mudar, mas a mudança será substancial ou não ? É hora de limpar o armário e jogar muita coisa fora, relembrar os mais belos momentos de realizações e agir incontestavelmente.
Ande, corra, pule, vibre, dance, fale, comente, sinta e viva as suas essências sem deixar que o mundo o atrapalhe, o trave ou lhe castre. Você sempre esteve aí, só que por muito tempo adormecido, tá na hora de acordar para a vida que você sonhou e não concretizou. Não dá para adiar, o tempo da nossa existência é curto assim como as nuvens que passam sobre nossas cabeças. Faça chover na sua horta, expresse sua opinião, não tenha medo, publique seu urro !
O Conversando Antropologias te chama para falar dos sonhos, das realidades e dos abandonos a que você foi relegado ou que você mesmo criou na sua própria cabeça.
Feliz ANO que você faz NOVO !

O Grito dos Bolivianos

ANTROPOLOGIA E LITERATURA

O Grito dos Bolivianos

Eduardo de Febo
(autor convidado)



Parei de fumar.

Mas já voltei . A milhão , com tudo.

Quando desse meu interregno de nicotina, voltei a ser um atleta. Corria feito louco, pra lá e pra cá.

Havia dias em que corria de manhã , tarde e noite.

Minha mulher insinuou que eu tinha uma amante no parque em que corria. Pois em alguns dias, como já disse, enfrentava as borrascas mais tenebrosas para manter meu condicionamento físico. Era pior do que "Tóchico".

Corria feito bobo. Voltei até a praticar boxe. Sentia-me um garoto de 20 anos - só que em um corpinho de 38. Minha bunda até cresceu. E olha que eu sempre tive bunda de gaveta : pra dentro.

Aos domingos corria no Parque da Mooca, mais conhecido como Distrital, em frente à São Judas.

Foi lá que presenciei algo triste , insólito, que me acertou como um direto na testa, sem direito à esquiva.

Há um campo de futebol no Parque que fica acima do nível da pista de corrida.

Em um domingo à tarde, corria em volta do campo. Dia morto pra se jogar futebol; horário que ninguém quer utilizar. Mas o campo estava cheio.

Percebi pelo bater , ou melhor, pelo som inconfundível da bola quicando. Pois, como bom brasileiro que sou, já tive meus rompantes futebolísticos - apesar de achar , hoje, que estádio de futebol deveria ser demolido para dar lugar a coisas mais úteis.

Eles estavam lá . Dois times de futebol.

Uniforme completo, inclusive bandeiras dos times presas atrás do gol.

Não havia juiz.

Eles, civilizadamente , resolviam a questão com o bom senso de quem não pode ser ouvido, notado ou descoberto. De quem é estrangeiro, estranho, mal quisto; de quem - desde tempos pré-colombianos - é subjugado, esfoliado e morto ; de quem mora em um país infestado de desdém.

Os mudos fariam mais barulho do que eles.

Dois times se comunicando por gestos e troca de olhares - coisa improvável em um jogo de futebol , ainda mais na várzea , onde o que impera é a arma na cinta , o " Carai, mano" , o " Tá tirano ??" , o " Vai Curinthia".

Eles gritavam por dentro.

Fazendo o que qualquer criança faz na rua, com golzinho de pedra e area riscada no chão.

Eles são os novos imigrantes daquele bairro de operários. São os novos espanhóis, portugueses, italianos, lituanos.

Só que sem som.



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Antropologia e Educação

Conversar sobre nossa educação e a dos outros...

Educação ainda na Idade Média era um privilégio da nobreza e do clero, mas com a chegada da República e da democracia o ensino se tornou público ou para todos e a preparação para o mundo do trabalho pós Revolução Industrial e Revolução Francesa virou realidade no modelo escolar enquanto espelho das fábricas. A educação aristocrática ministrada antes da chegada do povo ou dos populares às escolas ainda era realidade no início da construção e operação das primeiras escolas na Europa. A ideia era civlizar aqueles que não possuiam boas maneiras e também prepará-los para o mundo das máquinas e dos negócios. A divisão social do trabalho criou no ensino especializações ou preparos escolares técnicos e humanísticos para as mais diversas profissões necessárias à sociedade capitalista.
No Brasil com o advento da República ainda temos resquícios fortes de uma era colonial e imperial, o fim da escravidão e a incipiente urbanização que já começara mais forte com a vinda da família real portuguesa.O sociólogo Florestan Fernandes em seus trabalhos sobre a Educação no Brasil menciona o ranso aristocrático presente na educação brasileira. Segundo Florestan, há uma tentativa de reconstruir a civilização ocidental no país efetivada a partir do não reconhecimento dos conhecimentos, saberes e experiências de populações negras e indígenas. Assim, cacos de ciência são ensinados nas escolas públicas para doutrinar de certa maneira as populações nativas e de neo-brasileiros.
A questão maior é qual projeto de educação foi planejado para o nosso Brasil, que povo nós queremos ou almejamos formar dentro da educação pública e particular ? A educação das massas própria de ideias republicanos chegou a bom termo ? Respeitamos as culturas e tradições de negros e indígenas ? O que pretendemos agora que a maior parte das pessoas estão dentro do ensino básico ? e as universidades conseguem educar as pessoas na ciência universal ou se deparam com problemas estruturais de semi-analfabetismo, salários baixos pagos aos professores, manipulação política das instituições educacionais, mercantilização do ensino, ineficiência de serviços públicos entre outras  questões que se avolumaram e nos colocam em péssimas posições no "ranking" da educação mundial ?
Aqui trataremos de aspectos culturais da educação brasileira que precisam realmente ser investigados, conhecidos e trabalhados antes de elegermos novos representantes políticos não preocupados com um dos pilares da nação brasileira. Atualmente não temos muito do que nos orgulhar, mas apenas esolas isoladas no país que conseguem, independentemente das condições precárias do trabalho na educação, multiplicar seus pontos fortes e realmente colocar um plano real e eficiente de uma nova educação brasileira preocupada com a formação pessoal, a qualificação para o trabalho e mais que isso, uma cidadania brasileira de fato e não só de direito.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Antropologia e Saúde

O que antropólogos e antropologias tem a ver com a saúde ?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde do ser humano é o bem estar físico (biológico), psicológico, social e espiritual. Saúde não é apenas o oposto de doença ou a ausência dela, é o equilíbrio entre mente, corpo e espírito segundo uma enorme variedade de culturas religiosas. Sim, a saúde não deve ser vista apenas pela ótica da Biologia, pois as culturas ou representações simbólicas afetam os nosso corpo e a nossa mente.
Estar com saúde ou doente é um estado físico, social, mental ou psíquico e espiritual. Os profissionais da saúde estão acostumados a tratar do corpo separadamente da mente, da sociedade e do espírito. No entanto, segundo Antonio Damasio (O Erro de Descartes, 2004) a divisão sugerida entre corpo e espírito ou entre corpo, cérebro e mente fracassa quando sabemos que a racionalidade depende das emoções e dos sentimentos para ser praticada em tomadas de decisão humanas. Assim, apesar do nosso corpo ter mecanismos involuntários como os batimentos cardíacos, por exemplo, as ligações entre entre bilhões de neurônios cerebrais e o restante do corpo passa necessariamente pela mente construída social e culturalmente pelos seres humanos.
Respirar, andar, sentar, deitar, ver, ouvir,tatear, cheirar depende de uma série de reações bioquímicas, mas também de uma série de estímulos dentro e fora dos corpos.
Perceber o Homem de maneira holística é um caminho necessário para a reconstrução de visões fragmentadas criadas e fortificadas pelas ciências médicas e da saúde.
Em outros termos, olhar para dentro das células nos levou a um microcosmo inexplorado e fascinante, porém o macrocosmo é um universo em expansão, assim com o nosso corpo humano que não constitui e nem pode ser visto como um sistema fechado. Ele está aberto a invasões microscópicas e macroscópicas da ordem da natureza e da cultura e por isto representações simbólicas são ideias e imagens que habitam o consciente e o inconsciente e favorecem as sinapses neurais.
Saúde é um tema antropológico, pois seres humanos trabalham sistemas culturais de atenção à saúde, processos de saúde e doença que escapam obviamente ao domínio da física e da biologia, uma vez que as emoções e os sentimentos de prazer e dor acompanham os movimentos corporais.
Estudar a antropolgia do corpo, da doença, da saúde, dos sistemas culturais de atenção à saúde, entre outras formas de pensar, ser e agir ligadas a estados de saúde e doença é condição fundamental para o profissional de saúde dar seu salto qualitativo.
CONVERSANDO ANTROPOLOGIAS convida você a refletir sobre seu corpo imerso ou embebido na cultura, apesar de ter sido separado no laboratório para melhor anlisá-lo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Antropologia: Entre a Arte e a Ciência

ANTROPOLOGIA: Entre a Arte e a Ciência... (1)



Que nome diferente para um saber tão interessante  ! , já poderíamos dizer logo de início, a Antropologia é um desvendar contínuo das nossas origens ou de nosso processo evolucionário a partir de um ramo dos primatas. A Antropologia Física foi uma das pioneiras na investigação de fósseis humanos, ossos que respondem a várias perguntas sobre nossos mais antigos ancestrais até o contemporâneo Homo sapiens sapiens. Mas a Antropologia não é apenas um trabalho complexo de reconstrução do enorme quebra-cabeça que se tornou a evolução humana desde a África até as migrações para a Ásia, Oceania e Américas.
A diversidade física dos seres humanos atuais não é mais definida por raças, pela cor da pele,  formato dos olhos, cabelos entre outros aspectos físicos anteriormente denominados raciais. Hoje temos a certeza que são apenas bases sobre as quais as culturas humanas foram criadas ao longo de milhares de anos. Nenhum ser humano está preso a determinações biológicas (físicas) de seu próprio corpo, sua inteligência e comportamento não advém de características genéticas hereditárias.
Seres humanos inventaram a linguagem há milhares de anos atrás e se diferenciaram de outros animais, as pinturas ou arte rupestre demonstram a capacidade de imaginação simbólica do Homem em querer se representar e dar sentido à vida em uma era que ainda deixa marcas profundas na nossa história passada, na vida contemporânea e  certamente deixará em nosso próprio futuro.
A Antropologia ou visão antropológica permite uma reflexão teórica e empírica sobre nossa ancestralidade do ponto de vista biológico, histórico, econômico,social, cultural, político, técnico e tecnológico. E para que serve tudo isso ? Dedicar tanto tempo a questões que sempre nos perseguiram: de onde viemos ? quem somos ? e para onde vamos ?
 Com a fundação da pesquisa etnográfica por Bronislaw Malinowski no início do século XX temos, pela primeira vez, condições de compreender a diversidade social e cultural de seres humanos que foram mal compreendidos por uma chamada civilização européia detentora de uma suposta superioridade em relação a outras sociedades ágrafas, muitas vezes distantes na geografia, não urbanizadas e industrializadas.
A questão central era produzir um saber e uma pesquisa de campo etnográfica que escapasse à visão dos antropólogos de gabinete (denominados evolucionistas) Frazer, Tylor e Morgan. Neste sentido Malinowski escreve uma obra-prima - Argonautas do Pacífico Ocidental (1922) que certamente está entre a arte e a ciência, pois trabalha em estilo romanceado uma descrição notável dos comportamentos nativos dos trobiandeses das ilhas do Pacífico Sul. A etnografia é a marca registrada da Antropologia Social e Cultural e carrega a arte nas descrições dos antropólogos que vão à campo, o CONVERSANDO ANTROPOLOGIAS falará muito desta grande ferramenta científica e artística que é a compreensão e interpretação das culturas humanas sem preconceitos ou etnocentrismo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

POR QUE CONVERSAR ? E POR QUE ANTROPOLOGIAS ?

Conversar é algo fundamental para nós seres humanos ? Não é verdade ? Mas uma boa prosa deve ser bem recheada tal como um bolo de aniversário que a cada mordida nos dá imenso prazer. Conversar é prosear e saborear cada palavra dirigida ao outro que conheço ou estou a conhecer neste momento. O outro pode ou não digerir as minhas palavras. É por isso que conversamos para nos conhecermos e nos entendermos num mundo de comunicações humanas bem ou mal sucedidas. Vamos conversar para fazer florescer entendimentos e poder conhecer nossas ignorâncias e quem sabe poder dissipá-las como nuvens  ao vento.
Porém, conversar o que ? as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai ! como dizia o mestre Cartola. Se trata aqui de falar de sentidos humanos usados para sentir e dar sentido a imagens, textos e outros gêneros textuais e discursivos. São antropologias ou ciências dos homens e para os homens que falam de nossos egos e nossos outros diferentes e iguais ao mesmo tempo. As rosas não tem linguagem ou não falam mas são elementos da natureza para falar da nossa humanidade. As antropologias usam também a natureza e sociedade para falar de seres humanos. Nesse blog  - CONVERSANDO ANTROPOLOGIAS - trarei imagens e outros gêneros para conversarmos antropologias ou falarmos sobre nossos cotidianos, culturas, rituais, parentescos, passados, presentes e futuros do nosso país e do planeta Terra. Uma ou várias antropologias são possibilidades de ler o mundo.